Placa-mãe marca a estreia criativa e brilhante do mineiro Igor Bastos como diretor de um longa-metragem de animação. Nele, faz questão de levar a todo o público, com muito orgulho, alguns traços da regionalidade de Minas Gerais, sendo o principal deles a presença marcante do sotaque.
Enredo de Placa-mãe
Os personagens principais de Placa-mãe introduzem o espectador a sua vida em um momento de tensão. Os irmãos David (Vitor Gabriel Pereira) e Lina (Ana Júlia Silva Guimarães) se esforçam para que um casal estrangeiro não a adote, já que os irmãos não desejam se separar. Nadi (Ana Paula Schneider), uma androide, volta sua atenção para eles através de sons suspeitos gerados pela fuga e, ao encontrá-los, leva-os de volta para o orfanato. Em seguida, Nadi externa sobre a intenção de adotá-los, gerando mais sentido ao nome do longa.
A discussão sobre a possibilidade de uma androide adotar uma criança vai para votação no senado, que sem muitas intercorrências permite que ela passe a criar as crianças em sua residência. Lá, algumas questões em relação aos irmãos surgem, como o medo de David de se entregar à sua suposta mãe. No entanto, Asafe (Marcio Simões), um político extremista, não apoia a decisão de autorizar adoção de crianças por uma ‘robô’ porque ‘apoia’ a família tradicional e faz de tudo para evitar que a situação, usando bem como trapaças e mentiras para enganar o público.
Cinematografia de Placa-mãe
O longa utiliza cores quentes para remeter à beleza de Minas e um enquadramento aberto. Ressaltam-se aspectos do cenário como montanhas ou a diferença de cor entre os robôs (detalhe que adultos notam mais devido à maior complexidade). A trilha sonora da animação certamente acompanha a cartela de cores e gera no espectador a sensação de leveza, tranquilidade e nostalgia, e essa sensação perdura mesmo após momentos de tensão, pois compõe-se de belas canções marcantes da geração Y e Z que geralmente combinam com cenas específicas, trazendo mais regionalidade.
Assista ao trailer completo:
Roteiro
Os diálogos são carregados de sotaque mineiro e são de facílima compreensão para crianças. O roteiro conta com assuntos de certa complexidade como racismo e corrupção que exigem um olhar mais apurado, sendo mais perceptível aos adultos. Os destaques do elenco ficam com os atores de David e Lina, que interpretaram maravilhosamente e seguiram seus sentidos através de informações sobre a história.
Considerações finais
Um ponto que o diretor poderia abordar é a tradição de lendas e contos folclóricos de Minas para elevar o nível de conhecimento sobre a cultura do estado no Brasil inteiro (que é um desejo dele), principalmente nos momentos em que Nadi conta histórias para as crianças. No geral, Placa-mãe definitivamente cumpre a proposta e entrega até mais do esperado. O espectador fica satisfeito com o desenrolar da história e preso nela do início ao fim, sem a sensação de “quanto tempo falta para terminar…?”.
Nota: 10/10
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