‘Ainda estou aqui‘, adaptação audiovisual da autobiografia de Marcelo Rubens Paiva a respeito da vivência de sua mãe e família durante a ditadura militar, é a nova produção do diretor Walter Salles. Com roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega, Fernanda Torres e Selton Mello dão um show de atuação em cada cena, além de contar com a aparição de Fernanda Montenegro.
Enredo de Ainda Estou Aqui
O longa se passa no Brasil, em 1970 durante o período da ditadura militar, e conta a história de Eunice Paiva na visão de seu filho Marcelo Rubens Paiva. Na trama, uma mulher casada com um engenheiro e ex-deputado do PTB(Partido Trabalhista Brasileiro) e mãe de 5 filhos precisa mudar sua vida do dia para a noite depois que ele desaparece sem deixar pistas concretas. Através de sua determinação para encontrá-lo, ela se torna ativista e um verdadeiro símbolo da luta pela abertura dos arquivos sobre as vítimas do Regime Militar.
Sonoplastia e Trilha Sonora
O longa, em seus 91 minutos de duração, é uma experiência imersiva através de sons muito marcantes. Em cenas que geram tensão, é possível ouvir cada mínimo som, seja o tragar de um cigarro, a respiração mais forte após um choro, ou até mesmo os gritos de horrores de torturas. Já na trilha sonora, os próprios personagens estão sempre cantando juntamente de algum vinil. É possível desfrutar canções com melodias incríveis de cantores extremamente presentes tanto na década de 70 como nos dias de hoje, algumas com críticas a época vivida. Na parte de MPB, podemos citar nomes como Erasmo Carlos – que marcou com a canção ‘É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo’ -, Gal Costa, Juca Chaves e Os Mutantes. Na estrangeira(com influência principalmente francesa), os nomes mais marcantes e presentes são Serge Gainsbourg e Jane Birkin.
Cinematografia
A cinematografia é mais um modo de imersão que não falhou durante um minuto sequer. As imagens são sempre bem iluminadas e as cores quentes remetendo à década, seja no vestuário dos atores, nas cores dos móveis ou dos carros. Ao transicionar para um local menos iluminado, como DOI-Codi, o espectador possui acesso a mesma iluminação que a personagem: pouca ou nada. Essa adaptação torna a experiência mais angustiante por ser extremamente imersiva.
Assista ao trailer oficial:
Roteiro e atuação
Os diálogos se iniciam tranquilos e de simples compreensão por se tratar apenas de uma família de classe média vivendo sua vida. A partir do momento do desaparecimento, o roteiro passa a ser profundo e tenso. Há cessão somente em momentos onde Eunice(Fernanda Torres) precisa dialogar com seus filhos para tranquilizá-los conforme necessidade. Essa tensão juntamente com a atuação impecável dos atores leva o espectador ao ápice da ansiedade para saber o que aconteceu com Rubens, ao mesmo tempo que, não foque somente no final do longa.
Com expressões que passam verdadeira tristeza, a atuação das crianças também é um traço marcante. Para além disso, em todos os momentos é possível sentir naturalidade nos seus atos e falas, sejam em momentos felizes ou tristes. Além disso, o longa foi filmado em ordem cronológica, então foi baseado de fato na subtração.
Considerações finais
‘Ainda estou aqui’ leva toda a realidade dura e fria vivida por pessoas que presenciaram o Regime Militar aos que dele felizmente escaparam por não viver na mesma década. O longa tem a intenção de exaltar o trabalho árduo de Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva. Maria lutou bravamente até seu esgotamento para que outras famílias pudessem ter um pouco de alívio sobre os desaparecidos. Deixo minha sugestão pessoal: leve lencinhos para a sessão. É doído.
Nota: 10/10
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